1. |
corre-me no sangue
03:23
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corre-me no sangue
Dei a volta
Do Início
Abro a porta
Precipício
A minha voz estende a mão
Estou a sós sem visão
São correntes
Que me levam
Até ao topo
Já não consigo subir
Endireitar é arriscar
Engulo o medo de falhar
Tenho uma montanha
Presa na garganta
Lágrima na alma
Corre me no sangue
No que eu mudo
Não muda nada
Mais me afasto
Mais me agarra
Vejo a espiral desenrolar
Dei a volta Do início
Ainda aqui estou pronto para saltar
Abro a porta
E tenho a garganta
Presa na montanha
Lágrima na alma
Corre me no sangue
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2. |
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página em branco sobre o deserto
Um Mergulho no enredo
De tanto empurrar para dentro
No buraco do aquário
Sou navio e passageiro
Enrolado pela areia
Onde o vento se espreguiça
Vejo a lua em caravela
E a nuvem é proa submissa
Também eu vou curvar
Para navegar
Até que as veias inundem
Quando a maré levantar
Tudo vai estar mais perto
Antes a vela
Agora sou mar aberto
Página em branco
Sobre o deserto
E vejo a dobrar
Quando não vale a pena
Vale a pena a asa
A espera pela mudança
Fez-me mudar pela espera
Já é tarde mas ainda é cedo
Demais para ter medo do que entrar
Quando a maré levantar
Tudo vai estar mais perto
Antes a vela
Agora sou mar aberto
Página em branco
Sobre o deserto
E vejo a dobrar
Quando não vale a pena
Vale a pena a asa
Vale a pena o voo
Vale a pena
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3. |
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estendo o dedo parto a mão
Cai poeira lá fora
Levanta e enrola
E os castelos no ar
Pesam sem assentar
Nos degraus do passado
Em escamas deitado
Há fogo sem chama
Ao secar, derrama
Vai crescendo sem lá estar
Estou a um passo de apagar
O real da ilusão
Se não aceito a mudança
Nem prevejo na lembrança
Estendo o dedo, parto a mão
Tento enjaular a memória
Sem me perder na história
Sem me morrer nas mãos
O passado já não passa
Sem que o tempo o refaça
Sem me torcer em vão
Quando queima só dissolve
Na sombra em que o envolve
E vai roendo a razão
Faço por fechar a porta
Sem me morder a alma
Sem me tornar prisão
Novo grito de fundo
Conversa no escuro
A paz é a luta
Sem a disputa
Na mensagem que li
Com os olhos escrevi
“Larga a corda e acorda,
Aqui não há vitória”
Lanço perguntas ao tempo
Para me livrar do centro
Como pedras de sabão
E em resposta ao que eu era
Nunca mudei a bandeira
Estendo o dedo, parto a mão
Tento enjaular a memória
Sem me perder na história
Sem me morrer nas mãos
O passado já não passa
Sem que o tempo o refaça
Sem me torcer em vão
Quando queima só dissolve
Na sombra em que o envolve
E vai roendo a razão
Faço por fechar a porta
Sem me morder a alma
Sem me tornar prisão
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4. |
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entre nós há montanhas que não mexem
Amor por onde andaste
Volta para mim
Desde que voltaste
Estás mas não te vejo aqui
O amor sincero
Nunca chega
Ao fim
Tua voz perene
Vento dentro
Sopra por mim
Amor por onde foste
Vou atrás de ti
O abismo entre nós
Há de, um dia, nos unir
E daqui não parou meia vida
À procura desse
Amor sincero
Que nunca chega
Ao fim
Esta voz perene
Vento dentro
Sopra por mim
E assim passou meia vida
Cada um na sua ilha
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5. |
uma peça
04:11
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uma peça
A pedra foi ao fundo
Custa a tirar
O peso bateu surdo
Sem nunca chegar
Para perder o rumo
Sem o norte mudar
Não tenho nada a esconder
Se o que escondo me tapou
Todo o amor que já tombou
Como rosa sem espinho,
Abriu caminho
Caiu mas não murchou
Encontra-me a meio
Onde o mar começa
Se é belo é inteiro
São dois lados, uma peça
Se quiseres viver poesia
Não te vais virar do avesso
Nós só temos um sentido
Estamos a fazê-lo em verso
Daí vens perto de mim
A onda não passa
Leva-me a casa
Sê forte onde eu não sou
Encontra-me a meio
Onde o mar começa
Se é belo é inteiro
São dois lados, uma peça
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6. |
estradas tortas
03:51
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estradas tortas
Estradas tortas
Estão comigo
Vou chegando
Invertido
A cabeça a rodar
Deixo a máscara tropeçar
Ponho visão noturna
Transformo as cinzas na urna
Nesta bala vem o meu nome
Estava presa sem chave fora
Numa espera que me devora
Engasgado no elevador
Apago a água que entrou
Sonho lento que fugiu dormente
Está quente e dobra
Desdobra
Tempera o aço da gola
Com a lágrima que me descola
Gatilho para a pistola
O teu hino é fade in ao centro
E o meu vive em
Estradas tortas
Estão comigo
Vou chegando
Invertido
Embalo louco
Explosivo e rouco
Torce o nó no peito
Imperfeito
Parto sem resistir
Deixar ir não é desistir
Sempre que a pulsação foi pouca
Cresceu-me uma nova boca
Larguei tudo de peito cheio
Num tiro certeiro
Rasteiro
Escondido, mas inteiro
Os segredos são para queimar
Vão por baixo mas não vão baixar
Até ti eu dobrei caminhos
E agora vivo em
Estradas tortas
Estão comigo
Vou chegando
Invertido
Embalo louco
Explosivo e rouco
Torce o nó no peito
Imperfeito
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7. |
falsa partida
03:16
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falsa partida
Estávamos a levantar ferro
A maré puxou
Lançámos a vela ao poço
E o sonho acordou
Deitados de peito com peito
Fica nosso o deserto
E aí, mergulhámos o pavio
Baloiço verde
Cama de rede
Balança a sede
E o ramo que a prende
Copa de Vidro
Tronco despido
Assim amadureço
Folha sem fruto
Alguém que me mostre a saída
Está a fugir-me o regresso
Na origem, permaneço
Sem tornar falsa a partida
Saudade é o sangue da terra
E a onda que declarou guerra
Já vejo a ausência a invadir
Vem apontada à raiz
Baloiço verde
Cama de rede
Balança a sede
E o ramo que a prende
Tronco despido
Copa de vidro
Assim amadureço
Dentro do fruto
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8. |
onde houver um princípio
03:28
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onde houver um princípio
Nos braços da montanha
Adormece um dragão
E as luzes da aldeia
Enchem de brasa o pulmão
Onde as estrelas caducam
Povo que não aterra
Prisioneiro sem guerra
Entre grades e algas
Afoga as ondas na alma
Minha boca de sal
Leva os lábios à areia
Em cada sombra que a tarde encerra
A espuma engole a terra
Onde houver um princípio
Pode haver um naufrágio
Princípio
Naufrágio
Promessa no cais
É asa por dobrar
Lenço por acenar
Devolve a costa ao mar
Minha boca de sal
Leva os lábios à areia
Em cada sombra que a tarde encerra
A espuma engole a terra
Onde houver um princípio
Pode haver um naufrágio
Princípio
Naufrágio
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9. |
ponte sobre nada
04:28
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ponte sobre nada
A ferida
Ficou estendida
Para sarar
Vou recordar
A Ponte
Fiz sobre nada
A flutuar
Sem ver entrar
Salto antes
Que a dúvida me engula
Pode o futuro fugir
Auf Wiedersehen
Muros a quebrar
Tentei segurar
Levei as pedras no meu peito
Nem tremi por fora
Do avesso derramava
Inundado na memória
O silencio nunca gritou tanto e tão alto
Nem o tempo nos fazia aceitar o salto
Queria dar-te a minha asa mas não tenho manga
A minha mão enrolada na corda bamba
Relembrando um passado refletido num futuro
Dum presente que nos foge paralelo a este mundo
A curva
É ponte turva
Fui contra as nuvens
Sem respirar
Levei as pedras no meu peito
Nem tremi por fora
Do avesso derramava Inundado na memória
O silencio nunca gritou tanto e tão alto
Nem o tempo nos fazia aceitar o salto
Queria dar-te a minha asa mas não tenho manga
A minha mão enrolada na corda bamba
Relembrando um passado refletido num futuro
Dum presente que nos foge paralelo a este mundo
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Príncipe Portugal
Príncipe - Sebastião Macedo - surge publicamente em 2013 quando é gravada a primeira canção, “Dois Terços do Que Sei”, que integrou a coletânea "Novos Talentos Fnac" desse mesmo ano. Em 2016 é editado o EP homónimo em formato digital e em Dezembro do ano seguinte é lançado o disco de estreia – “A Chama e o carvão”. Quase quatro anos depois é publicado o último LP até à data – “Lugares de Memória”. ... more
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