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A Chama e o carv​ã​o

by Príncipe

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1.
Dalí 03:20
Nasci num mundo quadrado onde te olham de lado As ruas eram um mikado, tudo era encaixado Fui pirata, fui mineiro, mas não sou feliz Queria viver num quadro do Dalí Onde a noite é o dia e o dia não tem fim Lá chovem chapéus e o céu é de cetim O tempo parou no quadro do Dalí À noite estava deitado, sonhava acordado Fui poeta, fui profeta, mas não fui feliz Queria viver num quadro do Dalí Onde a noite é o dia e o dia não tem fim Lá chovem chapéus e o céu é de cetim O tempo parou no quadro do Dalí
2.
O Desejado 03:13
Quando parti, conquistador Sentia-me obrigado a provar o meu valor Fui vi venci, louco e sonhador Assim foi o meu fim, longe da pátria, sem amor Serei herói? Serei cobarde? Serei maior ausente, sou divindade Acende uma vela, por esta nação Pela família e a união Faz o que digo, não o que faço Deixo-te o meu coração de aço Esperei tanto tempo por aparecer Da minha alma ninguém quis saber Escrevi uma carta, não houve espaço Para pôr o meu coração de aço Para pôr o meu coração E agora sois vós que estais a sofrer Que o meu nome seja luz e nunca o deixai morrer Acende uma vela, por esta nação Pela família e a união Faz o que digo, não o que faço Deixo-te o meu coração de aço Esperei tanto tempo por aparecer Da minha alma ninguém quis saber Escrevi uma carta, não houve espaço Para pôr o meu coração de aço Para pôr o meu coração
3.
Lisboa sê a alma do Tejo Como não há mais ninguém Perdoa num longo beijo Os caprichos que ele tem Faz-me o mesmo o meu amor Quando apareço zangado Para acalmar-me o fulgor Num beijo canta-me o fado E beijo todo o bem que ela me quer Precisas de aprender a ser mulher Tu já não és rapariga Agora és cantadeira Vale mais uma cantiga Cantada à tua maneira Que andarmos os dois à uma Nesse quebreiro de cabeça Que lindo enxoval de espuma Que trago quando regresso À noite vou ampará-la em seus lençóis De dia vejo-a chorar por mais Violento mas fiel Sempre a rosnar-me a seus pés Meu amor é como eu Tem más e boas marés Duas cabeças de vento Não vou mais ser ciumento
4.
Quando o dia é comprido Deste tudo e ninguém te seguiu Quando a luz perdeu brilho E o silêncio da noite caiu Se te sentes sozinha E o tempo queimou o pavio Se te encontras perdida Esquecida no que já existiu Vem vem vem Que eu não sou real Eu não sou igual Não sou um rapaz normal Eu sei que sou mau Mas para ti não há mais ninguém Se ainda tens medo E a coragem não te vestiu Se te encontras escondida Nas tristezas que a vida te deu Vem vem vem Que eu não sou real Eu não sou igual Não sou um rapaz normal Eu sei que sou mau Mas para ti não há mais ninguém
5.
Quem questionar o meu amor por ti: Tinha o corpo no lugar mas a cabeça perdi Parece que foi ontem que te pedi para casar Mas tu estavas a cair e eu não quis ajudar Porque é que eu não te ajudei Porque é que eu não procurei É que agora acordei e não tenho mais ninguém Quando não há mais ninguém Perco tudo o que sonhei Se o silêncio é a lei sou dois terços do que sei Tão pouco para falar, mas tanto por dizer Mandaste-me calar e deixei de te ver Porque é que eu não te ajudei Porque é que eu não procurei É que agora acordei e não tenho mais ninguém Quando não há mais ninguém Perco tudo o que sonhei Se o silêncio é a lei sou dois terços do que sei Dois terços do que sei Cantei mas não falei Pensei mas não falei Tentei mas não falei Porque é que eu não te ajudei Porque é que eu não procurei É que agora acordei e não tenho mais ninguém Quando não há mais ninguém Perco tudo o que sonhei Se o silêncio é a lei sou dois terços do que sei
6.
Não sei se foi sono ou sonho Que me fez mergulhar Tinha os olhos vendados E o passado por lavar Calções de cabedal Beleza informal Cabelo apanhado atrás, longo e liso Fui embalado Sem vacilar Mulher és tudo o que preciso Ontem amigos, hoje despidos, amanhã esquecidos Entre gemidos, adormecidos no lago dos suspiros O desejo é como as ondas Vai e vem É de espuma Quando acordei Do pouco que lembrei Estava a afundar-me enterrado na areia Chegou a hora de emergir Já não sinto os dedos só quero é sair Ontem amigos, hoje despidos, amanhã esquecidos Entre gemidos, adormecidos no lago dos suspiros Dá-me uma corda Ajuda-me aqui Que eu caí num poço e não vejo o fim Caí num poço e não vejo o fim E não vejo o fim
7.
Lembras-me o tempo que passou O fim dos meus dias não chegou Se olho à volta vejo-me ao espelho À espera de ver quem cai primeiro Lembras-me a história que criei E o pouco dela que contei Quero que me leves a mim Para longe daqui Do que não esqueci Tira-me desta canção Não quero cantar mais sobre solidão Fogem-me as palavras como um vulcão jorra por atenção Elas explodem-me com o coração Enchem-me a alma até à explosão Este é o meu legado: a minha perdição A Chama e o carvão Família é o sangue e nada mais Se só é família em funerais Não há saída desta espera Para entrar na vida eterna Tira-me desta canção Não quero cantar mais sobre solidão Fogem-me as palavras como um vulcão jorra por atenção Elas explodem-me com o coração Enchem-me a alma até à explosão Este é o meu legado: a minha perdição A Chama e o carvão
8.
o duelo 06:14
Estou a tentar tirar Imagens da cabeça Que me enchem de tristeza Nunca me vou olhar Da mesma maneira Da mesma maneira A noite faz-me sede E o dia afoga Encosta-me à parede Vou voltar a cair Da mesma maneira Da mesma maneira Porque eu sei de um lugar Onde posso ir sem nunca lá estar Porque eu sei de um lugar Se volto a cair é para me levantar Estou a tentar mudar Nuvens da cabeça Que chovem de incerteza Nunca vos vou contar Toda a verdade Ou toda a vontade Porque eu sei de um lugar Onde posso ir sem nunca lá estar Porque eu sei de um lugar Se volto a cair é para me levantar E se provar do veneno Se estiver escuro e eu for escurecendo Desta vida que não dura E se provar do veneno Se estiver escuro e eu for escurecendo Se esta vida continua Cântico Negro de José Régio “Vem por aqui” Dizem-me alguns com olhos doces estendendo-me os braços Eu olho-os com olhos lassos Cruzo os braços E não vou por ali. A minha glória é essa: Criar meus próprios passos Que me dizeis vós? Não, não vou por aí. Que me dizeis vós? Ninguém responde? Vem por aqui! Desenhar meus passos na areia inexplorada O mais que eu faço não vale de nada Para eu derrubar os meus obstáculos Eu amo o longe e a miragem Amo os abismos as torrentes os desertos Como, pois sereis vós? Ide! Cânticos nos lábios! Tendes livros e tratados e filósofos e sábios Eu tenho a minha loucura! Levanto-a como um facho a arder na noite escura! Não sei por onde vou Não sei para onde vou Sei que não vou por aí!
9.
Esta é aquela noite Deve ser para festejar O que foi e o que foste Só há um com quem comparar O teu distanciamento Nunca foi ultrapassado Já não estás aqui Mas adormeces ao meu lado E entramos num sono profundo És toda a beleza no mundo Contigo aqui não vou ao fundo És toda a beleza Esta é aquela manhã Onde não sei para onde me virar Quando estavas cá Vivias para me guiar Mas mantenho cabeça erguida Disso tiveste tempo de ensinar “Tira os olhos do teu umbigo E nunca pares de sonhar” E entramos num sono profundo És toda a beleza no mundo Contigo aqui não vou ao fundo És toda a beleza
10.
Árvores despidas Por montes sem fim As nuvens cobrem a serra Num lençol de marfim Ao alto o sol de inverno Aos molhos no alecrim Como uma chave dourada Desperta a luz que há em mim Tão branca Tão Clara É hoje Agora Toda esta guerra tem de acabar São águas passadas que nos vão afogar Eu sou o moinho longe do mar E as minhas lágrimas estão a secar Como o mondego Numa tarde de verão No meu barco de palha Vou bem assente no chão Mas entre pedras Entre espinhos Não consigo avançar São só peso a mais na vida O momento de o largar é hoje Agora Toda esta guerra tem de acabar São águas passadas que nos vão afogar Eu sou o moinho longe do mar E as minhas lágrimas estão a secar Toda esta guerra tem de acabar Venha o vento norte varrer o que sobrar Eu sou o moinho longe do mar E as minhas lágrimas estão a secar

about

Nota #1: "Cabeças de Vento" é uma adaptação de "Cabeça de Vento", fado-canção popularizado por Amália Rodrigues e composto por Armando Machado e Linhares Barbosa.

Nota #2: Na canção "o duelo" está integrada uma adaptação do poema "Cântico Negro" de José Régio, interpretado por João Villaret.

Nota #3: A canção "Dois Terços do Que Sei" conta com a participação de João Figueiredo na guitarra portuguesa.

credits

released December 1, 2017

COMPOSIÇÃO | EXECUÇÃO | PRODUÇÃO
Príncipe

CAPTAÇÃO
Hugo Valverde
João Eleutério
Manuel San Payo
Martim Cunha Rego
Príncipe

MISTURA
Hugo Valverde

MASTERIZAÇÃO
Nuno Monteiro

CAPA / ARTE
Vasco Pinto Coelho

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about

Príncipe Portugal

Príncipe - Sebastião Macedo - surge publicamente em 2013 quando é gravada a primeira canção, “Dois Terços do Que Sei”, que integrou a coletânea "Novos Talentos Fnac" desse mesmo ano. Em 2016 é editado o EP homónimo em formato digital e em Dezembro do ano seguinte é lançado o disco de estreia – “A Chama e o carvão”. Quase quatro anos depois é publicado o último LP até à data – “Lugares de Memória”. ... more

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